terça-feira, 14 de agosto de 2007

Tarefa 8.2.6

Tecnologia na escola: criação de redes de conhecimentos

Maria Elizabeth Bianconcini de Almeida


Segundo a autora o uso da tecnologia de informação e comunicação – TIC na escola carrega em si mesmo as contradições da sociedade contemporânea. Como participar da sociedade do conhecimento e, ao mesmo tempo, ajudar a combater os altos índices de analfabetismo ou analfabetismo funcional no Brasil?

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC), nas escolas é apenas parte de todo um sistema “educacional” contraditório, como um espelho da sociedade a qual se insere e como tal repleto de ideologias. Uma das ideologias, então vigentes, é a de que o computador possa, como mágica, resolver os problemas de analfabetismo em todos os sentidos. Porém, não podemos nos esquecer de que essa tecnologia de nada adianta se não utilizada de maneira consciente e crítica. Uma criança que não aprende os princípios básicos da leitura e da escrita não poderá também dominar a linguagem imposta por essas novas tecnologias.
A autora também afirma que, inserir-se na sociedade da informação não quer dizer apenas ter acesso à tecnologia de informação e comunicação, mas principalmente saber utilizar essa tecnologia para a busca e seleção de informações que permita a cada pessoa resolverem os problemas do cotidiano, compreender o mundo e atuar na transformação de seu contexto.

Tal colocação torna-se pertinente no sentido de que além do analfabetismo e do analfabetismo funcional, temos também um “analfabeto supersatisfeito”, onde seu dia a dia está repleto de informações nas mais diversas linguagens. Supersatisfeito, pois esse excesso de informações o priva de realizar descobertas que realmente façam sentido para suas vidas , ou seja, informações que estejam de acordo com a sua realidade social e até mesmo intelectual. Nesse sentido as TIC, como dito anteriormente, se não utilizadas de forma crítica, podem se tornar veículo de alienação.

Por outro lado, ao observarmos do ponto de vista da inclusão, a autora busca associar à tecnologia a resolução de problemas cotidianos, deixando claro que, dominar essa linguagem assume um significado maior que não implica um conhecimento técnico somente, mas o desenvolvimento de habilidades para transformar esse conhecimento em saber e dessa forma utiliza-lo em sua vida.
E a autora segue escrevendo que, o uso da TIC com vistas à criação de uma rede de conhecimentos favorece a democratização do acesso à informação, a troca de informações e experiências, a compreensão crítica da realidade e o desenvolvimento humano, social, cultural e educacional. Como criar redes de conhecimentos? O que significa aprender quando se trabalha com redes de conhecimentos? Como inserir o uso de redes de conhecimentos na escola? O que cabe ao educador nessa criação?

Cabe ao educador nessa perspectiva de inclusão trabalhar para que o aluno possa construir o seu conhecimento juntamente com outros alunos de acordo com suas necessidades e de sua comunidade. Porém, para que esse ideal possa ser concretizado, o aluno precisa do acesso as TIC, o que diante de tantos conflitos vivenciados pelas escolas, esse é um dos menores. Todas as escolas da Rede Pública de Itatiba, pelo menos, possuem computadores e aulas de informática como parte do currículo. Pelo menos em partes, esse fato pode ser considerado como acesso, pois os alunos possuem professores que lhes transmitem os conhecimentos necessários para a utilização de tal ferramenta. O desafio, portanto, está em fazer com que esse saber transcenda os limites do laboratório de informática e essa tecnologia que nos é disponibilizada possa fazer parte de todas as disciplinas. A este ponto, torna-se necessário a revisão de antigos conceitos, pois nessa perspectiva, o professor precisa aprender a trabalhar dentro de um sistema colaborativo, pois nenhum conhecimento existe de forma isolada.

O grupo que trabalha em colaboração é autor e condutor do processo de interação e criação. Cada membro desse grupo é responsável pela própria aprendizagem e co-responsável pelo desenvolvimento do grupo.

Outra fala usada para ilustrar a nossa realidade educacional diz que: a metáfora de rede considera o conhecimento como uma construção decorrente das interações do homem com o meio. O uso da TIC na criação de rede de conhecimentos traz subjacente a probidade e a transitoriedade do conhecimento.

Aqui a autora dá ênfase ao conhecimento enquanto construção e não como algo pronto e imutável ou até mesmo presente em livros didáticos para serem seguidos. Se visto dessa forma, o conhecimento se tornará uma erudição sem utilidade alguma. Para ser incorporado um conhecimento precisa ter sentido, precisa estar próximo da vivência do indivíduo e só dessa forma pode ser transformado em saber. O conhecimento também é abordado enquanto construção colaborativa, ou seja, algo que só pode ser construído no coletivo e as TIC entram como uma ferramenta a mais nessa construção que está em constante transformação dada a complexidade e a efemeridade de sua natureza na contemporaneidade.


Precisamos rever o papel do professor ,qual então o papel do professor dentro deste novo contexto, cuja mediação propicia a aprendizagem significativa aos grupos e a cada aluno. Ensinar é organizar situações de aprendizagem, criando condições que favoreçam a compreensão da complexidade do mundo, do contexto, do grupo, do ser humano e da própria identidade.


Como dito no próprio texto a função do professor é a de mediar. O que deve ser revisto também é a escola enquanto espaço de interação. Temos que nos livrar daquela visão tradicional de que escola é lugar para acumular o conhecimento socialmente aceito, que escola é lugar de “ciência” e criar uma nova concepção de tempo e espaço onde a escola pode se tornar um espaço de formação de cidadãos que possam contribuir não somente com o desenvolvimento econômico de uma nação mas sim enquanto formação da pessoa humana capaz de agir criticamente sobre a sua realidade.

A autora enfatiza a aprendizagem como um processo de construção do aluno – autor de sua aprendizagem, mas nesse processo o professor além de criar ambientes que favoreçam a participação, a comunicação, a interação e o confronto de idéias dos alunos, também, construir novos conhecimentos que levem à compreensão do mundo e à atuação crítica no contexto.

Portanto, o profissional da educação só pode ser concebido como, nas palavras da autora: como mediador, facilitador, incentivador, desafiador, investigador do conhecimento, da própria prática e da aprendizagem individual e grupal.
Para incorporar a TIC na escola, é preciso ousar, vencer desafios, articular saberes, tecer continuamente a rede, criando e desatando novos nós conceituais que se inter-relacionam com a integração de diferentes tecnologias, com a linguagem hipermídia, teorias educacionais, aprendizagem do aluno, prática do educador e a construção da mudança em sua prática, na escola e na sociedade.